Também chamada de FESQUA, a Feira Internacional da Indústria de Esquadrias realizou a sua 14ª edição entre 29 e 30 de setembro. O evento, considerado o maior e mais importante do mercado, aconteceu apenas no virtual prezando pela segurança de todos em relação à pandemia de coronavírus. Com o propósito de apresentar as maiores movimentações do setor e inovações, a feira, que ocorre a cada dois anos, é tida como espaço para a geração de negócios, conectando expositores a possíveis consumidores.
Entre os temas abordados na programação esteve uma das principais tendências atuais da arquitetura mundial, as obras e empreendimentos totalmente cobertos por fachadas de vidro. À frente do painel esteve Tatiana Domingues, consultora de fachadas há 20 anos na área. A profissional destacou a evolução das tecnologias, até o mercado incorporar o modelo conhecido como pele de vidro, a importância das especificações e a conquista de uma norma técnica específica.
Vale destacar que as primeiras fachadas de vidro foram construídas nos anos 1960. Porém ainda com estruturas de alumínio e totalmente visíveis – eram as famosas fachadas “grid”. Após ela ganhar destaque no mercado, começaram a surgir maiores investimentos destinados a tais processos. Foi então que a coluna de alumínio começou a ser levada para o lado interno da obra e o vidro passou a ser mais valorizado.
Depois das tradicionais, vieram modelos com menos marcações, o que foi visto como uma grande evolução levando em consideração a fragilidade dos vidros. Hoje, temos a chamada pele de vidro que, com o uso de silicone, realmente passa a impressão de só existir vidro em sua construção.
Ou seja, o vidro como protagonista de um projeto de alto desempenho e alcançando conforto térmico, acústico e controle de iluminação. “Para isso são vários elementos funcionando em conjunto, desde itens de ancoragem de estrutura, a elementos de vedação, além de produtos bem específicos. Também precisamos contar com mão de obra qualificada e ótimos equipamentos”, contextualizou Tatiana durante o evento.
A pele de vidro é uma fachada mais lisa, na qual, a chapa é fixada quimicamente através de adesivos estruturais – esta técnica é a responsável pela camuflagem total do alumínio. Em termos de valores, o modelo apresenta um custo mais elevado quando comparado ao sistema tradicional. Porém, por conta de seu custo benefício, já é a opção mais presente em prédios comerciais, estádios e museus. Outra vantagem é a agilidade no processo: sua técnica de instalação diminui o prazo da obra e gera economia de recursos do empreendedor.
Existem dois métodos de construção de pele de vidro usados atualmente no setor. O sistema stick, em que a aplicação das peças na fachada é realizada em etapas – peça por peça. Sua construção é executada na área externa do local, ou seja, com utilização de andaimes. Este, mesmo exigindo níveis altos de segurança para equipe, ainda é o mais buscado no mercado por representar um custo mais baixo.
Já a fachada unitizada é moderna e conta com inovações em seu método de construção. Ao contrário da anterior, sua montagem é realizada no lado interno da edificação, o que garante maior segurança e produtividade. Porém, como desvantagem, sua logística de aplicação é mais complexa e exige um procedimento específico para cada projeto com variações de custos.
“Foi uma vitória depois de tanto tempo alcançarmos a revisão da nossa norma de uso na especificação civil. Esta é a NBR 7199. Até então, nós usávamos parâmetros europeus porque não tínhamos os nacionais. E toda normalização é muito bem-vinda para que o mercado tenha onde se basear. Isso é o mínimo necessário para a segurança dos usuários e para um bom desempenho geral”, comentou a consultora que, em seguida, reforçou a importância de obras executadas adequadamente: “Quando não há um controle, caímos em patologias, o que gera desgastes materiais e emocionais, como expectativas não alcançadas”.
Tatiana também reforçou que muitas das situações de negligência ao se tratar de fachadas estão concentradas em erros de cálculos. “O importante é prezar não só pelas especificações do vidro, como por todos os passos e componentes de instalação. Aliás, muitas vezes a chapa é condenada na sua instalação por falta de verificações. O envidraçamento é um sistema e todos os pormenores importam”, finalizou.