Há anos o vidro deixou de ser apenas mais um componente da construção civil para se tornar um material que oferece inúmeras possibilidades de aplicação, agregando benefícios e diferenciais aos mais diversos projetos. Não à toa, os vidraceiros e as empresas do segmento estão procurando cada vez mais entender melhor os produtos que vendem, a fim de auxiliar o cliente a selecionar o melhor vidro para o desempenho desejado – seja para janelas, portas e fachadas.
Neste artigo, reunimos e esclarecemos o objetivo principal do uso de cada modelo e suas características.
Existem peças disponíveis no mercado que agregam maior conforto aos ambientes através do vidro utilizado. Abaixo, confira os principais deste grupo.
O vidro insulado, também chamado de vidro de camada dupla ou vidro termo-acústico, é composto por duas ou mais chapas, com uma câmara de ar hermética intercalada no meio. Sua principal função é o isolamento, que é medido pela diferença de temperatura e fluxo de calor ou frio através do material isolante. Uma vez que o valor U deste pode ser reduzido em duas ou até cinco vezes em comparação com o vidro comum ou laminado, isso significa que a condutividade do insulado e sua capacidade de isolamento térmico serão superiores. O que é extremamente benéfico para locais com altas temperaturas.
Além disso, o vidro isolante ajuda a reduzir a exposição de móveis e mais objetos aos raios solares que podem prejudicá-los a longo prazo.
Além do modelo anterior, outro produto que ajuda no conforto é o vidro laminado com isolamento acústico – ou seja, que reduz ruídos externos. Este também é composto por duas ou mais peças de vidro, com uma camada de filme plástico PVB (polivinil butiral) intercalada no meio.
O vidro consegue reduzir o nível de ruído (em decibéis) em diferentes frequências baixas ou altas (em Hertz). Porém, com o uso de PVB acústico especial, a frequência mais crítica do ouvido humano pode ser reduzida de sete a dez decibéis.
Uma das vantagens da utilização do vidro laminado acústico é a redução da espessura final da chapa, para que seja mais compatível com os diferentes espaços e projetos.
O vidro float ou autolimpante recebe uma camada de partículas de dióxido de titânio (TiO2), que decompõem as moléculas orgânicas e elimina o pó da superfície. Os raios ultravioleta reagem com a camada de vidro autolimpante para decompor as moléculas e eliminar a sujeira. Isso significa que quando a chuva cair no vidro, a água não formará marcas como o vidro comum, por exemplo. Ao invés disso, ela se espalhará por toda a superfície do vidro autolimpante, eliminando a poeira – e a água ainda seca mais rápido.
O vidro autolimpante é incolor como o vidro comum, e a camada autolimpante é integrada à própria chapa, por isso tem alta durabilidade. Este produto é benéfico também para o meio ambiente, pois evita o uso excessivo de detergentes poluentes e ajuda a diminuir a frequência de lavagens, economizando água. É muito adequado para paredes, fachadas e coberturas difíceis de limpar.
A principal função do vidro de controle solar é filtrar os raios do sol através da reflexão da radiação. O produto é muito usado na engenharia e pode bloquear o calor sem afetar significativamente a luz recebida. A associação desses fatores com o vidro isolante aumenta seu desempenho térmico.
Este modelo é formado por duas camadas de óxido, que podem filtrar os raios solares, reduzindo a passagem dos raios ultravioleta e infravermelho. Quando a luz solar atinge o vidro, parte da “energia” é refletida e a outra parte é absorvida. Desta forma, a janela pode reduzir bastante o calor do ambiente e permitir que ele seja iluminado sem agredir o local externo ou promover um mal estar a quem está no cômodo, o que reflete a grande economia de energia, já que dispensa ar condicionado. O desempenho final obtido virá do equilíbrio entre a transmitância da luz (TL%) e o coeficiente solar (FS), que refletem diferenças e características de cada peça.
Este é pensado para casas e edifícios em países de clima frio, quando é necessário manter o interior do ambiente aquecido. O vidro low-e é uma peça que impede a transferência de calor entre dois espaços. Ele reduz o aumento ou a perda de calor, melhorando assim a eficiência energética do vidro. Sua vantagem vem do revestimento de uma fina camada de óxido de metal em um dos lados da chapa.
Esse tipo de filme pode filtrar os raios solares, fortalecer o controle da transferência de temperatura e, ao mesmo tempo, não prejudicar a transmissão da luz.
O vidro, quando temperado, aumenta sua resistência por meio do processo de têmpera, que envolve o aquecimento do material a uma temperatura crítica e, em seguida, resfriamento rápido.
O temperamento no vidro cria um sistema de tensão que aumenta a segurança oferecida por ele. A resistência do vidro comum pode ser de 400 Kgf/cm2, enquanto a resistência efetiva do vidro temperado é de 1400 Kgf/cm2 (140 MPa), que é de três a cinco vezes maior. Devido ao choque térmico gerado em sua fabricação, ao quebrar em qualquer ponto, o temperado é estilhaçado em pequenos pedaços, sem arestas e fragmentos pontiagudos. Ou seja, quase impossível de causar ferimentos.
O vidro laminado consiste em duas ou mais peças de vidro firmemente conectadas por uma ou mais camadas de polivinil butiral (PVB) sob aquecimento e pressão. O PVB é um filme muito flexível e resistente à corrosão. No Brasil, existem diferentes métodos de laminação, como a laminação em acetato de etila (EVA) ou mesmo a laminação com resina líquida.
Este modelo possui maior resistência quando multiplicado e pode ser utilizado em pisos, guaritas, fachadas, escadas, guarda-corpos e mais. Inclusive, o laminado especial de PVB possui excelentes propriedades acústicas. Em caso de quebra, os detritos irão aderir ao PVB, minimizando o risco de acidentes ou até mesmo queda de detritos.
Este – como é possível notar pelo nome – combina as vantagens dos vidros temperados e laminados. O produto é adequado para aplicações que requeiram elevada resistência, pois utiliza fixação autoportante para minimizar o enrolamento de vidros e perfis, e exige segurança em caso de rompimento.
Além disso, este é muito buscado para guarda-corpos, coberturas, pisos e estruturas de piscinas. O vidro temperado-laminado também pode se unir com uma camada intermediária especial de ionômero de polímero, sua dureza é 100 vezes maior que a do filme PVB tradicional e sua resistência 10 vezes maior, de modo que a espessura da placa de vidro pode ser reduzida com a mesma. Também é importante notar que sua pressão minimiza o peso da peça e permite que as arestas fiquem expostas com maior segurança e sem risco de delaminação.
O padrão do vidro impresso brasieliro é ser reconhecido como um dos mais populares por seu baixo custo, privacidade e passagem de luz. Com novas texturas desenvolvidas, atualmente, o vidro impresso responde por cerca de 10% de todo o consumo de vidro no país. Este é considerado um vidro de segurança, porém não com a mesma eficácia do temperado ou laminado. Na prática, ele possui uma malha de metal que pode segurar a placa no lugar quando ela quebrar, permitindo que seja substituído regularmente.
Sua fabricação é semelhante à do vidro float, a diferença é que existe um rolo na saída do forno para definir o desenho a ser impresso na chapa, sendo que o rolo superior é liso e o inferior tem a textura escolhida. E, após a impressão, ocorrerá o processo de resfriamento do vidro plano que ainda não está totalmente rígido.
Para aqueles que procuram maior transparência e transmissão de luz do que o vidro transparente comum, o vidro extra clear é o mais recomendado. A transparência do produto pode ser garantida em 92%. E, devido ao seu baixo teor de ferro, o vidro Extra Clear não parece verde, permanecendo cristalino. Apesar dessa característica, não é frágil e sua resistência é a mesma de outros modelos. Pela tecnologia e pelo aspecto que confere ao ambiente, é considerado o vidro mais moderno e ideal para diversas aplicações.
Assim como o vidro comum, este possibilita diferentes tipos de processamento, como laminação, têmpera e corte, podendo ser realizados de acordo com as necessidades dos clientes.
A produção de espelhos se inicia por meio de painéis de vidro float que passam por um rigoroso processo de seleção. Na etapa seguinte, o vidro é introduzido a um conjunto de arruelas com escovas de polimento que tratam sua superfície e obtêm perfeita adesão à prata.
A próxima etapa é sensibilizar o vidro exposto ao banho de sal de estanho para promover o campo condutor na superfície a fim de melhorar a adesão à camada de prata. O ponto mais importante nesse processo é a aplicação do nitrato, que é aplicado por um sistema eletrônico que controla a uniformidade. Como o nitrato é sensível à oxidação, que se manifesta como manchas pretas, em um dos processos de fabricação, sua camada é protegida por meio de um material inerte (que não reage com o oxigênio), seguida de uma camada de tinta que preserva a metalização.
A partir dessas informações, é possível entender mais facilmente o tipo de vidro apropriado para atender às necessidades de cada cliente. Além disso, será possível apresentar cada opção com mais profundidade.
Por fim, é importante que o vidraceiro consiga disponibilizar certa variedade de produtos em sua empresa, para assim garantir as diferenças necessárias para os mais diversos projetos.