Nos últimos anos, o vidro se tornou um dos principais materiais presentes na construção civil – presença marcante tanto em edificações simples, residenciais ou comerciais, como em empreendimentos luxuosos e de grande porte.
A popularização desta matéria-prima se dá por suas qualidades que contemplam segurança, versatilidade, proteção e isolamento termoacústico, assim como estilos que vão do clássico ao moderno.
Entre os modelos mais encontrados e utilizados no mercado, estão o comum, o temperado e o laminado. Cada um dos três é indicado para diferentes situações e sistemas de envidraçamento. Inclusive, o objetivo de muitas das normas técnicas do segmento é justamente preservar que cada local receba o tipo de chapa mais apropriada para a função desejada, garantindo maior eficácia e proteção aos usuários.
Este texto reúne as diferenças entre tais soluções, suas qualidades, aplicações, resistência mecânica e outras particularidades decisivas no momento de escolha da peça.
Engana-se quem pensa que vidro é tudo igual. Pelo contrário, há inúmeras particularidades, restrições e soluções devidamente adequadas para cada obra ou instalação. Isso porque, ao longo do tempo, o setor foi se desenvolvendo e, com ele, surgiram novas técnicas de produção que possibilitaram a criação de vários tipos de peças, como o vidro temperado e o laminado.
O primeiro vidro a ser usado para janelas, portas, tampos de mesas, acabamentos para móveis e mais funções foi o modelo comum. Após o seu crescimento vieram os processos de beneficiamento e, aí sim, as demais soluções. Somados ao comum, o laminado e o temperado são os mais buscados em todo segmento vidreiro.
A opção batizada de comum, por ser a mais antiga entre as alternativas disponíveis, é fabricada a partir de uma mistura de sílica, sódio, cálcio e magnésio com outros compostos. Todos os elementos são aquecidos a 1600 ºC até serem transformados em um líquido. Logo após este processo, este é resfriado para que se torne uma chapa sólida. Ou seja, transparente, lisa e impermeável.
Atualmente, o comum é pouco usado em sua forma original. Apesar disso, sua fabricação deve seguir os procedimentos rígidos de produção que atestam sua máxima qualidade – o processo é importante para evitar complicações que podem se tornar problemas de instalação e até mesmo representar possíveis riscos aos profissionais e clientes.
Uma das desvantagens do vidro comum é a sua fragilidade e os riscos que ele oferece ao usuário. Ao se romper, esta alternativa produz estilhaços pontiagudos e cortantes com facilidade. Dessa forma, devem ser evitados em áreas que possam haver acidentes, principalmente com crianças e idosos.
Em geral, o vidro comum tem sido utilizado como base para o beneficiamento que o transforma em temperado ou laminado. Na construção civil, ambos são vistos como soluções para diversos tipos de projetos, principalmente, por serem considerados peças de segurança. E, apesar da semelhança entre os dois materiais, algumas características próprias são capazes de distingui-los.
A principal vantagem do vidro temperado diante do mercado é sua resistência, que apresenta cinco vezes mais eficiência do que o comum – o que significa que caso ele seja quebrado, não serão formados cacos pontiagudos perigosos, mas sim pedaços menores e mais arredondados, diminuindo o risco de acidentes.
Para garantir o benefício, em seu processo de produção a chapa passa pela têmpera, onde sofre um choque térmico. Aliás, os furos e cortes necessários para projetos específicos precisam ser concluídos sempre antes de passarem por essa técnica. Exatamente por isso, as placas são feitas sob medida e com dimensões exatas de acordo com suas aplicações. Além disso, o modelo ainda suporta grandes variações de temperaturas.
Assim, o temperado é muito utilizado em janelas, portas, vitrines, boxes de banheiro e mais divisórias. A fim de aumentar sua resistência, também é possível optar pela instalação da peça com película – esta é responsável por garantir que os cacos não se soltem.
Em suma, as peças temperadas representam uma escolha constante da construção civil. Até porque este ainda pode ser encaixilhado e é o único padrão possível de ser utilizado para linhagem de portas e móveis – geralmente, mesas e estantes. Em projetos onde ocorra um grande fluxo de pessoas, em maioria, o mais indicado é a utilização do vidro temperado. Mas, claro, essa escolha depende de uma série de estudos detalhados sobre o projeto, local de instalação e nível necessário de proteção.
Uma curiosidade extra é que, no mercado automobilístico, o temperado é consumido para aplicações nas janelas laterais das portas dos carros.
Também classificado como um vidro de segurança, o modelo laminado soma diversos atributos. Começando pela fabricação, a sua ocorre por meio de uma união entre duas ou mais placas que podem ser de vidro comum ou temperado. O importante é o material que é responsável por sua junção: camadas intermediárias de películas de PVB (Polivinil Butiral), que formam uma espécie de sanduíche. Esse processo é o que garante que, caso haja algum dano à peça, os cacos serão mantidos colados na película.
Além disso, a película de PVB consegue ser capaz de filtrar cerca de 99% dos raios ultravioletas. Ou seja, uma segunda vantagem além da proteção. Afinal, a longo prazo, os raios solares podem prejudicar móveis e tecidos. Outro benefício é que este oferece proteção acústica, reduzindo ruídos e amortecendo vibrações sonoras vindas do ambiente externo por meio das camadas de polivinil butiral.
Entre suas aplicações mais comuns, o vidro laminado é indicado na utilização de guarda-corpos, passarelas, divisórias e fachadas de prédios, assim como recomendados para pisos, claraboias, degraus, corrimãos e coberturas. Tais sugestões referem-se à resistência contra impactos, excelentes acústicas e proteção UV. Uma de suas desvantagens em relação ao temperado é que este é menos resistente a impactos frontais.
Conforme citado anteriormente, o laminado pode ser produzido a partir do vidro comum ou com base em duas ou mais folhas do temperado. A segunda opção provoca um aumento de segurança e resistência da chapa laminada. Posto isso, ao utilizar ambas as tecnologias em um só produto, o resultado é um vidro altamente resistente e com o menor risco possível de acidente!
Chegamos ao vidro temperado-laminado – este é justamente o modelo que une as características dos dois materiais apresentados acima. Para alcançar tal resultado, utiliza-se duas folhas de vidro temperado (ao invés do comum), unidas por meio da película de resistência.
Não à toa, em questão de proteção, o temperado-laminado domina a categoria de segurança sendo a melhor a solução para projetos que apresentam maiores riscos. Porém, devido ao seu grau de eficiência, este costuma ter um alto valor de investimento. Obviamente, válido por seu custo-benefício.
A questão do comum é que ele por si só não apresenta muita resistência, o que limita sua utilização. Entre o temperado e laminado, a resposta será de acordo com o objetivo do arquiteto e consumidor – até porque são características diferentes que geram funções específicas para cada obra.
De toda forma, para qualquer projeto é importante consultar um profissional a fim de reconhecer o modelo de vidro correto para determinada instalação. Em conjunto com as normas técnicas estabelecidas pela legislação, apenas especialistas da área poderão afirmar, após análises e visitas técnicas, qual opção é a mais adequada.
Porém, logicamente, existem alguns cenários que quando observados facilitam a escolha. Como, por exemplo, se o vidro for utilizado em um local sem caixilho. Neste caso, o correto é o temperado. Agora, para um piso de vidro, o ideal em resistência é o laminado!
O que deve-se ter em mente é que não existe de forma pré-estabelecida o melhor ou o pior vidro disponível no mercado. A resposta que determina o mais indicado sempre dependerá das consequências e necessidades do projeto que está sendo executado por hora. Todos os pormenores precisam ser analisados, estudados e revistos em cada uma das aplicações, seja um box de banheiro ou um guarda-corpo!