Como você já deve ter notado, são inúmeros os vidros com pequenos logos estampados em suas laterais, principalmente nas peças utilizadas em boxes para banheiros. Acontece que as marcações não são apenas uma publicidade ou demarcação dos fabricantes. Na maior parte dos casos, elas indicam que a chapa é do modelo temperado, sendo um item fundamental para garantir a segurança do consumidor final, conforme determina a NBR 14698 — Vidro temperado.
A norma técnica faz da identificação obrigatória a fim de diferenciar um temperado de um padrão comum, de tal modo que assegura ao cliente a utilização do material correto e da forma como é exigido. Seguindo a orientação da NBR, não há uma regra específica sobre o local exato para a inserção da marca, levando muitos fabricantes a optarem pela borda da peça, considerando não prejudicar o aspecto estético do produto.
Ao consumidor final resta ter atenção sempre que encomendar um vidro temperado, nunca menosprezando a presença da identificação para ter certeza de que a peça oferece a segurança necessária e prometida. Também vale reforçar que os fabricantes podem ser cobrados por revendedoras e responsabilizados por possíveis falhas.
Outro cuidado que deve-se ter ao comprar e instalar o vidro temperado é a diferenciação entre os selos que estes podem apresentar. Em geral, além da marcação obrigatória pelo INMETRO, que indica sua conformidade de uso, existe ainda a identificação do fabricante. Neste caso, para a comprovação da eficácia do temperado, trata-se do primeiro selo. Para esclarecer possíveis dúvidas, Daniela Rezende, do setor de qualidade da PKO, detalha a função de cada uma das marcações.
De acordo com Daniela, a identificação da conformidade nos vidros temperados planos tem como objetivo indicar a existência do nível adequado de confiança, atestando se os produtos estão em conformidade com a norma ABNT – NBR 14698:2001.
O logo deve ser colocado nos vidros temperados planos certificados ou em sua embalagem de forma visível por meio de uma impressão, e deverá atender aos requisitos da portaria 327:2007. Por ser um selo adesivo fixado no corpo da chapa, essa identificação poderá ser removida após a instalação ou mantida por escolha do consumidor.
Já neste cenário, a especialista explica que na norma ABNT NBR 14698:2001 e na portaria 327:2007 está previsto ainda como obrigatoriedade a identificação do fabricante no vidro, de tal forma que esta deve ser uma marcação indelével efetuada junto à borda da peça.
Por ser requisito normativo, ela não pode ser removida, porém também não prejudica o uso de suas aplicações, pois apresenta uma aparência discreta e com excelente nível de transparência.
“Vale destacar que o uso adequado de ambos os selos são verificados pelo INMETRO durante auditorias de certificação e manutenção do produto, que ocorrem no mínimo uma vez por ano. Além disso, o próprio órgão pode fiscalizar a utilização a qualquer momento se julgar necessário. Mesmo após a quebra, é possível realizar a identificação do vidro que sofreu o processo de têmpera através da análise de fragmentos”, completa Daniela.
Para a análise do rompimento, a norma ABNT NBR 14698:2001 determina que a fragmentação deve atender às seguintes exigências: o maior fragmento não deve exceder o comprimento de 100mm, o número máximo de fragmentos é 100 e o número mínimo dependerá da espessura ensaiada, existindo uma tabela de contagem a ser consultada.
Conseguir identificar com exatidão se a chapa passou ou não pelo processo de têmpera é de extrema importância tanto para os vidraceiros que realizam o processo de instalação, quanto para os clientes que desfrutarão do uso do material.
A necessidade de comprovação se dá pelo fato de que o temperado apresenta características diferentes e é exigido em diversas aplicações que demandam maior garantia – não à toa que é popularmente conhecido como “vidro de segurança”. Porém, em relação a aparência, o vidro realmente possui o mesmo peso e lapidação de um modelo comum.
Ou seja, sendo o temperado usado com frequência em projetos de alto risco, este deve apresentar maneiras objetivas de identificação de origem.
Sua fabricação consiste em uma chapa comum que passou pelo processo térmico de têmpera ou temperamento. E, após a finalização, obtém uma resistência mecânica de três a seis vezes maior em comparação a outras peças, suportando também variações de temperatura com maior eficácia.
Seu maior diferencial é que, quando rompido, os pequenos pedaços formados são quase cúbicos, não apresentando uma ameaça à segurança daqueles que se encontram próximos ao ocorrido. Porém, para não prejudicar suas características de uso, o temperado não deve ser cortado, furado ou lapidado. O que significa que é incomum reaproveitar uma peça temperada.
Conforme já listado, a partir da metade de 2016, a ABNT passou a orientar que os modelos temperados recebam uma identificação para facilitar sua diferenciação. Entretanto, na falta da marcação, segue sendo fundamental ter certeza da origem do produto. Por isso, listamos outras maneiras de constatar de qual modelo trata-se a peça. Até porque os modelos fabricados antes da publicação da norma não possuirão o logo.
Entre as outras possibilidades, alguns profissionais consideram aspectos visuais ou sonoros, contudo, ambas as técnicas não são vistas com 100% de eficácia. Ainda assim é possível apontar algumas dicas de diferenciais através de particularidades físicas.
Este recurso se dá porque, muitas vezes, no processo de aquecimento da peça, as pinças usadas para remover o vidro do local de calor proporcionam marcas que podem ser identificadas quando analisadas ou sentidas de perto. Entre as formas de saber se uma peça é temperada, essa é uma das mais precisas. Mas, claro, são deformações leves que podem ser difíceis de observar – especialmente se o produto já está instalado.
Em geral, as bordas de vidro comuns são cortadas e lapidadas pela própria vidraçaria por meio de lixadeiras manuais, enquanto as têmperas costumavam ser submetidas a lapidadoras automáticas. Porém, atualmente, muitas vidraçarias optam por encomendar também modelos comuns já cortados e lapidados para seus fornecedores (devido ao custo-benefício), o que tornou o acabamento ainda mais parecido e de difícil diferenciação.
Também durante o processo de fabricação, a peça passa por uma etapa de resfriamento rápido que ocorre no forno de têmpera e é realizada por jatos de ar. Acontece que esses não costumam resfriar a chapa de maneira uniforme, originando um efeito chamado anisotropia óptica.
Exposto a algumas condições específicas de iluminação, através desse efeito é possível encontrar manchas no vidro, dependendo do ângulo de observação. Entretanto, assim como as deformações, a anisotropia óptica é considerada um defeito de fabricação. Ou seja, cada vez mais as empresas prezam para evitar este resultado, tornando os métodos de identificação mais difíceis.
Como comentamos, muitos vidraceiros afirmam que existe a possibilidade de identificar o vidro temperado pelo som, isso porque existe realmente uma diferença entre o som emitido por um temperado e um comum de mesma espessura e tamanho. Porém, é extremamente sutil e qualquer alteração, como espessura ou tamanho diferentes, causa mudanças muito mais perceptíveis no som emitido.
Os óculos de sol com lente polarizada prometem expor linhas pretas no vidro que são ocasionadas no processo de aquecimento – e essas podem ficar ainda mais destacadas em ângulos agudos.
Os vidros temperados são projetados para quebrar completamente, sem apresentar cacos grandes e cortantes com os quais uma pessoa poderia se machucar.
Independente do projeto, espessura e tamanho, o vidro temperado deve oferecer segurança e proteção aos profissionais e consumidores finais. Justamente por isso, a certificação traz apenas pontos positivos. Além, obviamente, de ser um requisito estabelecido e de uso obrigatório previsto na norma 14698:2001 – Vidro Temperado e na portaria do INMETRO 327:2007 – Regulamentação de Avaliação de Conformidade para Vidro Temperado.